Pular para o conteúdo principal

Postagens

A Morte não é uma Opção para Corpos sem Juízo

À época dos protestos do George Floyd, fiquei pensando no que poderia falar. Concluí que, melhor do que a minha própria fala, era combinar o contexto e os assuntos com outras vozes. O artigo de hoje é do sociólogo e pesquisador Guilherme Marcondes . Jup do Bairro - Corpo sem juízo No Brasil, pessoas trans e travestis têm uma expectativa de vida em torno de 35 anos de idade, enquanto a expectativa de vida para brasileiros(as/xs) brancos/as, em geral, é, em média, de 76 anos e três meses [1] . No que se refere à população negra, esta tem 2,7 mais chances de morrer por causas violentas , relativamente à população branca [2] . Em um ano em que o mundo passa pela pandemia da Covid-19, sabemos, ainda, que a população negra, no Brasil e nos Estados Unidos, tem sido a mais vitimada em virtude da doença causada pelo novo coronavírus [3] . Enquanto isso, no campo político brasileiro, e mesmo no norte americano, assistimos é, sem disfarces, à continuidade de um projeto iniciado no século XVI, qu

O fim da história do luxo?

Eu não tinha planejado esse post. Pelo contrário, estava pensando em caminhos muito diferentes aqui pro Trama (inclusive com nova entrevista da coluna Pessoas & Profissões). Mas o assunto te pega passeando, e mais - às vezes ele ficou um tempo de tocaia, pra te encontrar no momento certo. Então, ontem, nesses trajetos relativamente arbitrários do Navegar Pela Internet, surgiu um comentário incisivo do Leo Dias, do UOL, sobre a s atitudes das blogueiras / influenciadoras digitais em meio ao cenário nacional . "O luxo", afirmava, "não faz mais parte do debate". Bastou ler essa frase pra recapitular todo o processo da minha tese (aquela onde algumas entrevistadas pensavam sobre conforto ), que, justamente, pesquisou o consumo de luxo aqui no Rio de Janeiro*. Logo o o luxo - o mesmo luxo que recebeu significativa atenção durante menos de 10 anos, norteou discussões de negócios, virou capa de revista, mas que continuou relativamente pouco explorado nos seus sentido

Seção Clara em Neve - Conforto em termos de pandemia

Esse ano, aqui no Trama, a idéia era conseguir estabelecer uma continuidade mais firme entre as postagens - tirar os projetos do papel e colocar aqui, no melhor estilo "ótimo inimigo do bom". Mal sabíamos nós todos que 2020 guardava muitas cartas na manga... Com os adventos do último mês, foi difícil pensar em como equilibrar o princípio O Bêbado e A Equilibrista, que diz que o show tem que continuar, com uma abordagem de assuntos condizente. Fiquei um tempão matutando. E aí pensei na seção Clara em Neve - coisas leves, mas firmes, num momento atípico (onde até os vulcões do Pacífico estão em erupção). Então, hoje, comecei pensando como seria legal falar sobre conforto. Um conceito aparentemente simples, mas que ressurgiu nesse contexto em que estamos passando (na medida do possível) por uma revisão geral dos nossos quesitos... ainda mais quando, para quem tem podido ficar em casa, parece que é o grande momento para finalmente encontrar Buda, virar um novo Nobel de fi

Futebol e Data Science: dois universos distintos que, SIM, podem se cruzar!

Quem diria que um ano passaria tão rápido? Em 2019, o Trama iniciava suas especulações sobre os temas mais variados. Para comemorar, temos um post sobre como 2 assuntos, a princípio, distantes, podem unir forças: o nosso amado futebol e a ciência de dados, hoje tendência assumida em inúmeras pesquisas e novas maneiras de ver como as coisas se comportam :) Gabriel Daiha, engenheiro de controle e automação por formação, cientista de dados por profissão, e vascaíno por cima de tudo, é o nosso autor de hoje! Gabriel Daiha: engenheiro, cientista de dados, torcedor e autor freelance nas horas vagas :) Foto de acervo pessoal. Muito se questiona por aí sobre decisões tomadas no futebol brasileiro que impactam diretamente no andamento do jogo - seja no âmbito dos jogadores, dos treinadores, na escolha de um passe durante uma partida sob determinada condição, na definição de uma estratégia para o próximo jogo de sua equipe, ou até na escala dos dirigentes, na hora de contratar at

Pequenas células cinzas, episódio II - A representação feminina

Olá pessoal! Após mais alguns meses atribulados, retomamos os posts para fechar 2019 com um dos temas que permearam o ano - os romances policiais como registros de mudanças sociais, e suas devidas ambivalências :) (Para quem conseguir pegar no cinema uma homenagem à Agatha Christie, Knives Out ("Entre Facas e Segredos") estava em cartaz aqui no Rio) Nada como uma homenagem! Fonte . Se, nos posts anteriores, focamos nas petites cellules grises, hoje vamos partir pra um conteúdo que me empolga em especial por conta da formação, e também da riqueza de elementos em muitos exemplos - a relação das obras com "mudanças de estatuto" (CHAUVIN, 2017) social. De fato, as imensas mudanças em relação ao espírito vitoriano, à Belle Époque e as expectativas sobre papéis sociais permeiam a maioria das histórias, e, por isso mesmo poucas, se deslocam no tempo/espaço para muito longe do eixo britânico, com um pano de fundo de conquistas femininas e modificações aceleradas em

Bahá'i Gardens: Sobre a descoberta dos jardins sagrados

Meu nome é Camila Greiner. Sou carioca, de 28 anos, antropóloga, professora e geminiana. Há oito meses estou morando em Haifa, cidade no norte de Israel e exemplo da coexistência pacífica entre muçulmanos e judeus. A cidade é cheia de referências multiculturais, centros de cultura, museus, mesquitas e sinagogas, tudo junto e misturado. Andando nas ruas, é visível a diversidade que a cidade preserva. Em tempos sombrios como esse em que vivemos, tenho que reconhecer Haifa faz um ótimo trabalho e jus à fama de “referência intercultural”. É a terceira maior cidade de Israel, atrás de Jerusalém e Tel Aviv. A primeira dispensa apresentações. Uma das cidades mais antigas de que temos registro, considerada sagrada por cristãos, mulçumanos e judeus, alvo de disputas entre árabes e israelenses, recentemente voltou aos “trend topics” mundiais fruto de uma campanha oportunista e patética, onde pretende transformá-la em capital de Israel (atualmente é Tel Aviv), mais uma do repertório de besteiro